Gerência de Suprimentos

Jonas Gustavo Luiz Barbosa

Administrador, atua na Gerência de Compras da Famesp.
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Confira o depoimento

Relato sobre o começo da pandemia | julho de 2020

"Dentro do compras, da célula de suprimentos, a gente perdeu a questão do histórico, a gente perdeu um planejamento estratégico. A gente atendeu uma demanda que não era comum dentro do hospital. Atendeu uma demanda que a gente não imaginava que poderia acontecer dessa forma assim tão abruptamente.

/.../ tivemos grandes crises no hospital com relação a abastecimento, mas igual a essa a gente não imaginava que podia acontecer. Imagina que mundialmente as empresas e pessoas correram atrás dos EPIs. E esses EPIs para o hospital são de suma importância para segurança do funcionário e do colaborador que está na linha de frente no atendimento das pessoas. E eles faltaram no mercado. Então, a gente não tinha como comprar. Tínhamos recursos disponíveis mas não tínhamos como comprar. Então isso nos assustou. Imaginar que a gente teria o profissional para atender, o paciente para atender, mas não ter o material disponível para atender... Então isso foi assustador.  

Nós temos ferramentas administrativas, usamos todas elas possíveis para buscar no mercado a possibilidade de atendimento. Se engajar mesmo dia a dia para que a gente conseguisse localizar esses fornecedores e esses estoques disponíveis e tentar suprir a necessidade de consumo do hospital. Na verdade, todos os hospitais que a Famesp administra, em específico o estadual que é a linha de frente pra covid na Famesp.

A gente estudou e tentou fazer da melhor forma possível, desde que foi apresentado o Covid mundialmente e nós começamos a fazer as reuniões de planejamento estratégico, a gente buscou ferramentas para não perder a linha, a grande preocupação que a gente tinha na parte administrativa era não prejudicar o hospital financeiramente e ao mesmo passo atender a demanda do hospital.
 

Materiais que antigamente pagávamos muito pouco, com custo muito pequeno, aumentaram até 7.000%. Então, além da preocupação de atender a demanda tinha a preocupação de não prejudicar financeiramente o hospital, de transformar o hospital numa instituição financeiramente inviável. Complicar a situação do Hospital a ponto de a Secretaria não entender que fosse uma administração idônea, correta e viável para a saúde do estado de São Paulo.  Então essa foi a grande preocupação.

E é isso que eu levo hoje, de ter esse ensinamento.  De por na balança o que a gente poderia fazer de melhor para não prejudicar o Hospital tanto com relação à assistência e também para ele continuar sendo uma opção viável e importante na saúde do estado de São Paulo.

 
Assim como todo cidadão, a gente também se assustou. Eu tenho uma filha de 3 anos e 9 meses. Então a gente se preocupou com ela. Meus pais, nossos, são vivos. E meu pai tem comorbidades, é diabético, hipertenso. Então a gente tem uma preocupação muito grande. Eu fiquei algum tempo sem visitar a família.

A minha filha também na escola e a escola deixou de funcionar. Então a gente não sabia como ia funcionar isso. Minha esposa é enfermeira. Ela trabalhava à noite e eu de dia para que a gente não precisasse levar a nossa filha na casa dos pais e ter a possibilidade de contaminá-los porque a gente trabalha numa unidade hospitalar de frente com Covid. Então, isso abalou a gente no dia a dia. Mas a gente sabia que tinha que enfrentar isso. E a gente continua enfrentando, mas hoje com muito mais serenidade, eu acho. No começo foi assustador. Foi difícil. Mas a gente entendeu que a gente tem ferramentas. Então, a gente procura se policiar no dia a dia. Entender que tem ensinamentos hoje que a gente já deveria ter há muito tempo independente do Covid, que é não levar as coisas que a gente pode colocar na rua, se expor na rua, e não levar pra casa. Independente de qualquer coisa. Então, esse é o ensinamento maior hoje.

 

Eu tenho um carinho muito grande pela amizade. Os grandes amigos que eu tenho e a minha família. O grande abraço que eu queria dar é para os meus amigos mesmo, o pessoal que a gente tá distante por uma questão de proteção. E essa é a reunião que eu gostaria de ter de novo. Aos meus amigos é o grande abraço que está contido e que precisa retornar tão logo possível."