Assessora ambulatorial e Hospitalar da Famesp, desde 2013
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Balanço de um ano de pandemia | gravado em março de 2021
Eu me lembro bem quando tudo isso começou em final de 2019, quando eu acompanhava as notícias do que acontecia em Wuhan (na China, considerado o 1º epicentro da Covid-19), né, a questão da identificação desse novo vírus, da situação das internações, das mortalidades, e eu vinha acompanhando isso num processo, dia a dia, porque me chamava a atenção. Então, eu vinha acompanhando porque eu me interessei pelo assunto, mas eu jamais imaginaria que isso conseguisse atravessar o continente, atravessar os oceanos, e chegar até nós.
No momento, o que mais me afligia era mais a questão da saúde pública mesmo. Da questão da identificação desse novo vírus, de como tratar isso, de identificar as formas de tratamento, quem seriam as pessoas mais acometidas? Imaginava isso muito longe, mas mesmo assim, pensando em planejamento, como seria se isso chegasse até nós?!
Então, quando eu me recordo da questão de toda essa situação, de verdade, eu jamais imaginaria que nós passaríamos por isso...
Vim para Bauru, moro em São Manuel, vim para Bauru com meus filhos já com todo um planejamento de estudos... Eles já estavam matriculados para estudar em Bauru. Fiz uma locação de apartamento para que servisse de apoio para meus filhos poderem estudar, mas eu jamais imaginei que este apoio, desse apartamento que eu aluguei para uma finalidade, serviria para dias quando tudo fecha, a partir de março as aulas são suspensas; nós do Estadual somos habilitados para ser hospital de referência para covid e começa a fazer toda esse planejamento, toda essa reorganização da estrutura do Hospital, como ampliar leitos, como redimensionar as UTIs e começar a receber esses pacientes, todo o planejamento que eu tinha, que nós tínhamos enquanto pessoa, equipe, enquanto população, a gente vê adiados todos os nossos planejamentos para vivenciar o dia a dia da pandemia, quando ela é declarada oficialmente pela Organização Mundial de Saúde, que nós estávamos num momento pandêmico.
Incertezas, inseguranças, eu acho que isso é inerente ao ser humano. Então, todos nós temos incertezas, inseguranças... O que eu passei a priorizar naquele momento eram situações de aflição, que a gente tinha que ser o mais resolutivo. Não podíamos deixar se tomar pela emoção. Tínhamos que ser os mais racionais possível. Porque a gente faz parte de um comitê, e esse comitê era toda a parte de planejamento do Hospital, assim como eu outros profissionais, toda uma equipe, faziam parte de decisões para que a gente pudesse ser o mais assertivo possível. Não podemos brincar nesse momento, nem em nenhum outro momento...
Mas acho que a Roberta em si ela sai ou ela está mais fortalecida na questão da fé. Eu acho que... Eu acho não, eu tenho certeza que eu descobri o sentido verdadeiro da fé. Tudo passa. E a gente tem que estar trabalhando como se fosse numa UTI, por períodos. Então, as questões que a gente resolve no período da manhã... elas estão resolvidas! Vamos para o período da tarde, o período da noite... E vamos resolvendo os períodos.